terça-feira, 4 de dezembro de 2012

E você? Vai desfilar na avenida com que corpo?

O samba no pé é o mais importante, sem ele nem pense em desfilar, mas a sua apresentação pessoal também tem peso considerável nesse espetáculo que é o carnaval. O cuidado que se tem com o corpo também está ligado ao nível de comprometimento que se tem com a sua escola, seus torcedores e o público em geral.

A passista "profissional", dedicada a arte de sambar, sempre estará atenta a sua apresentação pessoal, faz parte do seu "show" se preocupar com o que o público vai assistir - o corpo, a maquiagem, o cabelo e a vestimenta. Se você é passista (ou deseja ser) pense duas vezes antes de cada refeição - estamos em dezembro, ainda dá tempo de melhorar a silhueta.

Aí vão algumas dicas simples:

- diminua o tamanho do prato - isso mesmo, comer em um prato menor vai lhe ajudar a diminuir a quantidade de comida ingerida;

- beba muita água (às vezes a gente pensa que é fome mas é sede);

- nunca pule refeições (você corre o risco de exagerar na refeição seguinte);

- de hoje até o carnaval corte doces, gorduras e refrigerantes (serão só 2 meses e meio, você não vai morrer se ficar esse tempinho sem comer essas porcarias);

- corte carboidratos nas duas últimas refeições do dia, quando o seu organismo começa a ficar mais lento;

- faça exercícios de força (musculação, ginástica localizada, etc) para não perder massa muscular e evitar a flacidez.

E agora me responda: Como você quer estar no carnaval?

Assim?



Ou assim?


Luciana Conceição (Mocidade)




Jana Pimentinha (Portela)


domingo, 7 de outubro de 2012

Passistas: Menos maquiagem e mais personalidade, aprendendo com Sargentelli

Passistas e aspirantes devem ao menos conhecer o trabalho de Oswaldo Sargentelli, um botafoguense conhecido como o Rei das Mulatas. Ele exaltou a mulata divulgando-a Brasil afora e no exterior - não há de esquecer-se que foi criticado sob a alegação de explorar as mulatas (assunto que pode ser discutido), mas pela primeira vez negras e mulatas eram o centro das atenções em um show - e isso no fim da década de 60, em meio à ditadura militar. Fazer parte do seu grupo era semelhante ao que sente hoje uma passista integrante do grupo show de sua escola.



Sargentelli dizia: "Cintura fina, coxa grossa e bunda grande e na sua maioria doutoradas pelo Mobral". E por isso, segundo ele, a sua maior preocupação era dar personalidade às suas mulatas. Lição que pode ser seguida até hoje por aquelas que querem se destacar na concorrida arte de sambar. Beleza corporal não basta, isolada no samba não serve de nada, é preciso que venha acompanhada de personalidade, elegância e graça. E ainda nem falamos de "samba no pé"... "Em cena", uma mulata/passista deve representar uma verdadeira dama, a leveza é indispensável. Eram escolhidas a dedo, sempre as mais bonitas, com corpos impecáveis. Depois de escolhidas ele mesmo se encarregava de prepará-las. Dele também é a frase: "Mais espelho, menos maquiagem". Para ele se usava maquiagem demais para disfarçar falta de beleza e de talento.



O famoso mestre das mulatas acreditava que a disciplina era o primeiro passo - a primeira lição não era a de sambar, mas sim a postura, as boas maneiras, a imagem - o que ia distinguir uma mulata "bailarina" ou "sambista" das demais. Passistas são artistas, e devem ser preparados como qualquer outro artista. Não se nasce passista, pode-se nascer com o dom ou com uma inclinação para a arte de sambar, mas deve haver uma formação. 



Há profissionais que dedicam seu tempo para oferecer essa formação aos que querem realmente serem passistas profissionais, artistas verdadeiros - muitos deles só recebem em troca a satisfação de um trabalho bem feito. Esse trabalho é feito em muitas escolas de samba, com destaque para Salgueiro, Portela, Mocidade e Império Serrano. Mas ainda há aqueles que se julgam diretores de ala sem o menor preparo ou experiência para isso, às vezes com boas intenções, às vezes buscando mera promoção pessoal e comprometendo o resultado final e o nome da escola. Dirigir uma ala não se resume a definir roupas, calçados ou escolher sob sei lá quais critérios quem fará parte do grupo, o diretor é responsável pela formação desses passistas. Samba é arte e precisa de profissionais preparados.

sábado, 15 de setembro de 2012

10 coisas que você deve saber sobre passistas





Quem apenas observa eles dançando imagina que ser passista seja algo totalmente informal, sem regras, mas na prática não é bem assim. Ser passista não é algo simples não, exige dedicação e muita perseverança. As alas de passistas poderiam ser quesitos, mas mesmo não representando pontuação em separado são muito valorizadas pela comunidade e concorridas. Aqui, O Carnaval Delas apresenta algumas curiosidades sobre as alas de passistas.

1. Logo no início, lá pelos anos 30 e 40, as primeiras alas eram masculinas, nessas alas desfilam apenas 4 mulheres: a rainha, duas princesas e a madrinha. Até a década de 80 os passistas desfilavam em duplas ou trios entre alas ou carros alegóricos;

2. O termo "passista" passa a ser empregado a partir da década de 50 e a primeira menção escrita é de 1971;



3. Tradicionalmente, a roupa do passista era individual/exclusiva, cada um confeccionava a sua roupa individualmente, buscando otimizar a sua passagem na avenida - fazia parte do "show" criar expectativa no público sobre a roupa que cada passista vestiria - ao contrário das padronização atual;

4.  A preferência por corpos mais magros não é puramente estética, mas está relacionada à performance - espera-se que passistas mais leves sejam mais habilidosos e tenham mais fôlego;

5. Além do samba no pé, que é cobrado de todos, passistas femininas devem apresentar graça e rebolado e dos passistas masculinos cobra-se também agilidade;



6. Passistas precisam saber o exato momento de rebolar, fazer uma pose ou "soltar" o samba no pé, devem formar uma unidade com a bateria;

7. O samba de um passista deve ser interativo: samba-se para a bateria, para outro passista, para o público - não se samba para si mesmo;



8. Cada passista deve desenvolver um estilo próprio de sambar - evitando cópias;

9. A performance do passista deve ser aberta e relacional. Aberta por ser espontânea, não é pré-definida, eventualmente admite coreografia e relacional devido a interação que deve existir com a música, com o público ou outro elemento;

10. Em determinado momento, os passistas já foram chamados de "palhaços", esse apelido deve-se às brincadeiras (caras e trejeitos) que faziam para algum desafeto que encontrassem na platéia. Na execução do seu samba, ele usava entre os seus passos a "palhaçada" para constranger um inimigo sem perder a graça, elegância ou destreza dos seus movimentos. Daí a teatralidade que é utilizada no samba em alguns momentos.



Fonte: 
Estudo Antropológico de Simone Toji

 

domingo, 12 de agosto de 2012

Minueto + Capoeira = A dança do Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal de Mestre-sala e Porta-bandeira carrega o símbolo mais importante da escola: o pavilhão. Essa dança nasceu no Brasil Colonial, nos tempos da escravidão, quando os negros nas senzalas imitavam as danças das festas que aconteciam na casa-grande. Nessas festas dançava-se o minueto - dança aristocrática de origem francesa, popular na côrte de Luis XIV - essa dança caracteriza-se pelos passos miúdos (menus), delicadeza dos movimentos e, principalmente, elegância e graça. Além da nobreza dos movimentos do minueto, outra característica que o bailado dos Mestre-salas e Porta-bandeiras recebeu do minueto é que a dança dos bailes europeus era sempre dançada em pares. Os trajes também sofreram forte influência do minueto.




Quando a festa terminava, claro que sobrava aos escravos a tarefa de limpar a casa grande. As negras pegavam a toalha rendada da mesa e enrolavam à cintura, daí surgiu uma das principais regras da porta-bandeira: ela nunca poderá segurar o pavilhão sem vestir saias. Assim, os escravos ao imitarem o minueto nas senzalas adicionaram o seu "toque especial" incorporando movimentos de capoeira e conferindo um gingado especial à dança, além de que o mestre-sala também se valia dos "golpes" de capoeira (mais adiante, já no carnaval, na época em que as agremiações se enfrentavam tentando uma roubar ou pelo menos rasgar o pavilhão uma da outra - assim, ficava a cargo dele evitar qualquer dano à bandeira).




Em resumo, assim nasceu o casal de Mestre-sala e Porta-bandeira e a sua dança. Hoje em dia, são talvez um dos principais elementos de uma escola de samba. O charme, a elegância e a graciosidade dessas figuras é fundamental e deve ser verificado tanto na dança quanto nas suas vestimentas. Em especial, as portas-bandeiras podem ser consideradas verdadeiras divas do samba (quanto se esforçam pra isso, é claro). Lucinha Nobre e Rute, são exemplos disso, têm se destacado não só pelo talento, dedicação e profissionalismo quanto pelo capricho de suas fantasias e pela beleza e simpatia.









domingo, 15 de julho de 2012

Carnaval em papel

Esse blog utilizou em sua decoração algumas imagens das esculturas em papel de um artista brasileiro que admiro muito, logo nada mais justo do que inaugurar nossas postagens falando sobre ele. Carlos Meira é um designer e ilustrador carioca, formado pela Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, é autodidata na arte das esculturas de papel e já realizou exposições inclusive em Nova York.

Das suas esculturas as que me chamam mais atenção são as relacionadas ao Carnaval (é claro!). Olha só mais alguns trabalhos desse artista.